Política
por Isabela Fernandes
Publicado em 09/05/2025, às 09h00
O Conclave realizado no Vaticano anunciou, após pouco mais de um dia de deliberações, a escolha do novo líder da Igreja Católica. O norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito papa e adotou o nome de Leão XIV, se tornando o primeiro pontífice dos Estados Unidos e o primeiro pertencente à Ordem de Santo Agostinho a ocupar o cargo mais alto da Igreja.
De perfil discreto e com atuação marcante fora dos grandes centros religiosos europeus, Leão XIV viveu mais de quatro décadas no Peru, onde exerceu funções pastorais e sociais de destaque.
Conhecido por sua vida simples e dedicação à comunidade, é também reconhecido por ter evitado os holofotes durante sua carreira e concedido pouquíssimas entrevistas.
Embora seja considerado próximo da linha pastoral do Papa Francisco, Leão XIV adota uma posição mais tradicional em temas ligados à moral sexual e identidade de gênero.
Quando ainda era bispo de Chiclayo, no norte do Peru, se posicionou contra propostas de incluir discussões sobre gênero nas escolas públicas e chegou a acusar setores da mídia de promoverem o que chamou de “estilo de vida homossexual”.
Ao mesmo tempo, o novo papa se mostra mais aberto em temas sociais e migratórios, especialmente em relação à América Latina.
Durante sua atuação como cardeal, foi reconhecido pelo apoio direto a refugiados venezuelanos que fugiam da crise humanitária no regime de Nicolás Maduro. Essa postura contrasta com políticas migratórias mais restritivas adotadas em seu país natal.
Mesmo sendo norte-americano, Leão XIV já expressou críticas ao ex-presidente Donald Trump e a membros de sua base política.
Em fevereiro deste ano, antes de sua eleição, Prevost compartilhou uma matéria criticando o vice-presidente JD Vance por sua postura sobre imigração, afirmando que "Jesus não pede para que ranquemos o amor pelos outros".
Em outra ocasião, também repostou uma fala de um imigrante salvadorenho deportado dos Estados Unidos, em crítica ao endurecimento das políticas migratórias tanto do governo norte-americano quanto do presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
Além disso, o novo papa tem um histórico de enfrentamento a regimes autoritários. No Peru, cobrou publicamente um pedido de desculpas do governo pelas violações aos direitos humanos cometidas durante o governo de Alberto Fujimori, que liderou o país entre 1990 e 2000.
Em seu primeiro discurso como papa, Leão XIV mencionou Francisco duas vezes. Em uma das vezes, disse “Guardamos ainda nos nossos ouvidos aquela voz fraca mas sempre corajosa do papa Francisco que abençoava Roma.”
No entanto, há diferenças marcantes entre os dois: enquanto Francisco preferiu trajes simples em sua posse, Leão XIV optou pelas vestes tradicionais papais, sinalizando um perfil mais formal.
A eleição de Leão XIV inicia uma nova fase para a Igreja Católica, com um líder que mescla tradição e compromisso social, e que promete manter viva a presença do Vaticano em temas globais.
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