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Por que o vendaval seco em SP preocupa? Evento é considerado inédito

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Um vendaval incomum surpreendeu a capital paulista com rajadas intensas e sem qualquer registro de chuva durante o dia.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Agência Brasil
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 17/12/2025, às 11h34



Um vendaval incomum marcou a história recente da meteorologia em São Paulo ao atingir a capital com rajadas extremamente fortes, sem qualquer registro de chuva ao longo do dia. O fenômeno surpreendeu especialistas e chamou a atenção não apenas pela velocidade do vento, mas pelo comportamento atípico da atmosfera durante todo o evento.

Na quarta-feira, dia 10, a cidade enfrentou rajadas que chegaram a 96,3 km por hora, valor registrado no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul. O dado se tornou um marco histórico por ter sido o maior vento seco já medido oficialmente na capital desde 1963, ano em que começaram as medições sistemáticas.

Um vento intenso fora do padrão

Segundo análises meteorológicas, o vendaval começou ainda pela manhã, por volta das 9h, e persistiu até o período noturno, próximo das 21h. Durante praticamente todo o dia, as rajadas se mantiveram acima de 75 km por hora, algo raro para São Paulo em condições de tempo seco.

Normalmente, ventos nessa intensidade aparecem associados a tempestades severas, com nuvens carregadas, pancadas de chuva e descargas elétricas. O que tornou esse episódio excepcional foi justamente a ausência total de precipitação, com céu variando entre períodos de sol e nebulosidade leve.

Eventos anteriores com velocidades semelhantes ocorreram em cenários totalmente diferentes, marcados por forte instabilidade atmosférica. Desta vez, a dinâmica observada fugiu completamente do padrão histórico da cidade.

O que explica o vendaval sem chuva

Especialistas apontam que o fenômeno esteve ligado à atuação de um sistema de baixa pressão combinado à influência de ciclones extratropicais ainda organizados sobre o continente. Essa configuração cria diferenças muito acentuadas de pressão atmosférica, capazes de acelerar o vento por várias horas consecutivas.

Mesmo sem nuvens de tempestade, esse tipo de sistema favorece ventos persistentes e intensos. Trata-se de um mecanismo menos conhecido pelo público, mas com potencial de impacto semelhante ao de temporais, exigindo atenção redobrada dos serviços de monitoramento.

Meteorologistas alertam que situações como essa podem se repetir em determinados padrões atmosféricos, reforçando a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o comportamento do vento extremo em ambientes secos.

Foto: Reprodução/Agência Brasil
Foto: Reprodução/Agência Brasil

Impactos severos mesmo sem precipitação

Apesar da falta de chuva, os efeitos do vendaval foram expressivos. Apenas naquele dia, o Corpo de Bombeiros contabilizou mais de 1.400 ocorrências relacionadas à queda de árvores na capital e na Região Metropolitana. Também houve danos à rede elétrica e prejuízos à mobilidade urbana.

A combinação de vento intenso, solo ressecado e árvores com copas densas elevou significativamente o risco de quedas. O episódio reforça que o vento extremo, por si só, representa uma ameaça relevante, independentemente da presença de chuva.

Novos critérios para avaliar o risco

Após esse evento, meteorologistas passaram a defender uma análise mais detalhada dos ventos fortes, diferenciando aqueles associados a tempestades dos que ocorrem em condições secas. Essa abordagem já é adotada em centros internacionais e ajuda a aprimorar a leitura dos dados históricos, segundo o Clima Tempo.

A distinção permite melhorar a avaliação dos riscos, qualificar os alertas meteorológicos e orientar de forma mais precisa as ações da Defesa Civil. Compreender a origem do vento é fundamental para uma comunicação mais eficiente e preventiva, especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo.

Classificação Indicativa: Livre

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