Política
por Camila Lutfi
Publicado em 21/08/2025, às 18h13
O bairro em que você nasce pode definir seu limite para "subir na vida". O local, a família, o gênero e a raça com a qual uma pessoa nasce devem influenciar as oportunidades e chances pelo resto da vida.
É o que indica o economista Michael França, 37 anos, em seu livro lançado na última quarta-feira (20), em coautoria do sociólogo Fillipi Nascimento, A Loteria do Nascimento: filha do porteiro termina universidade, mas não alcança filho do rico, da Editora Jandaíra.
Em entrevista à BBC Brasil, França revelou mais sobre o conceito da "loteria do nascimento" e sua própria experiência com a desigualdade. Filho de uma trabalhadora doméstica que estudou até o primeiro colegial, ele nasceu e cresceu no bairro Costa Teles 1 em Uberaba, Minas Gerais.
França se tornou doutor em Teoria Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e foi pesquisador visitante nas universidades Columbia e Stanford, dos Estados Unidos. Ele também já venceu o Prêmio Jabuti Acadêmico, uma das principais premiações literárias do Brasil.
Essa matéria é baseada na entrevista de Michael França à BBC News Brasil publicana na última terça-feira (19).
Segundo França, a "loteria do nascimento" é a ideia de que as circunstâncias pelas quais você nasceu influenciam as oportunidades ao longo da trajetória de alguém.
Isso é documentado em diversos estudos e pesquisas, que indicam o esforço como um fator não determinante para o "sucesso".
A depender do local em que uma pessoa nasce, do seu gênero, sexualidade, raça ou classe socioeconômica, aquela pessoa terá que se esforçar muito mais para "subir na vida".
Um exemplo do economista foi a comparação entre um homem branco, hétero, que nasceu em família rica, em cidade de país desenvolvido com uma mulher lésbica vinda de uma favela do interior do Acre. Nesse caso, as chances dessa mulher atingir determinados resultados são mais baixas.
Para entender o quão meritocrática foi determinada trajetória, França explicou que é necessário retirar da trajetória o fator "nascer pobre" ou "nascer rico".
Apesar de ser um exercício complexo, ele comentou que é essencial ensinar sobre desigualdade nas escolas para mudar a percepção que os brasileiros possuem da meritocracia.
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