Polícia
Publicado em 17/07/2025, às 12h56 Foto: Reprodução/Redes sociais Marcela Guimarães
Uma letra fez toda a diferença e mudou a vida do eletricista Jabson Andrade da Silva, de 56 anos. Ele, que mora em São Paulo (SP) desde 1991, é casado há 33 anos e pai de duas filhas, não tinha qualquer passagem pela polícia.
Mesmo assim, foi preso no último dia 7 de julho, após ter seu nome confundido com o de um acusado de estupro na Bahia: Jabison Andrade da Silva.
A diferença entre os nomes (a presença da letra “i”) foi ignorada durante o inquérito policial em Ubatã (BA), onde o crime foi denunciado. O erro persistiu até o mandado de prisão, resultando na prisão do homem errado.
Jabson ficou oito dias preso até o juiz responsável revogar a prisão após o Ministério Público e a Polícia Civil reconhecerem o problema. “O Ministério Público e a Polícia Civil acusaram que erraram no Inquérito Policial e na denúncia informando outra pessoa”, informou o juiz Eduardo Camilo, segundo nota do Tribunal de Justiça da Bahia.
“Era por volta de 10h e os policiais foram à minha casa. Perguntaram se eu tinha passagem pela polícia e eu disse que não. Aí ele disse: ‘Olha, estou aqui com um mandado de prisão que vem do estado da Bahia. A acusação de um crime gravíssimo, coisa séria’. Aí perguntei o que era e me disseram que era estupro de vulnerável. Falei que não havia feito nada e que minha consciência estava limpa. Nisso, minha mulher já começou a passar mal”, relatou o eletricista em entrevista ao g1.
Levado a delegacias e depois ao CDP Pinheiros, Jabson contou que tentou avisar que era um engano, mas ninguém o ouviu. “O investigador disse que aparecia mais crimes no meu nome e eu falei que nunca tive passagem pela polícia”.
Na audiência de custódia, realizada no dia 8 de julho, ele foi mantido preso e transferido para uma cela com outros detentos. “É até difícil relatar como foi. A comida é pouca e o lugar é feito para ninguém gostar daquilo. É desumano”.
Não foi a primeira vez que Jabson passou por uma confusão envolvendo seu nome. “Nos anos 2000, teve um episódio de confundirem meu nome também em um processo de falso testemunho em um crime de Suzano. E tive que comprovar que era homônimo”.
Durante o tempo na prisão, ele sofreu na mão dos agentes. “Um policial penal gritou comigo: ‘Recolhe a mão, seu arrombado’. Eu falava que era inocente, mas diziam que todos falam isso”.
Mesmo abalado, Jabson buscou apoio espiritual e se manteve calmo ao saber que sua esposa, que havia feito exames cardíacos recentemente, estava bem.
Do lado de fora, sua família agiu rápido para provar o erro. “Na hora em que meu pai foi levado preso e tivemos acesso logo depois às descrições, a gente já tinha certeza de que não era meu pai”, contou Catherine Lourenço, filha de Jabson.
A denúncia citava um companheiro que viveu por seis anos com a mãe da vítima na Bahia, algo que não batia com a história do eletricista.
A família reuniu provas como carteira de trabalho, registros de emprego como zelador em São Paulo entre 2008 e 2015 (período do crime) e buscou a imprensa baiana para tentar localizar a denunciante. Um repórter da cidade vizinha era vizinho dela e ajudou a levar o recado para as autoridades.
Com a documentação reunida, o advogado Carlos Magno entrou com pedido de soltura na Justiça da Bahia. “Desde o início, nunca houve qualquer dúvida quanto à inocência. Percebi a possibilidade de um grave erro de identificação pessoal, possivelmente derivado de homonímia”, explicou ele.
Segundo Carlos, faltaram diligências básicas, como conferência de CPF, RG, data de nascimento e filiação. “Selaram o destino de um inocente à prisão sob a alegação de um crime de capitulação tão grave que o mesmo precisou ficar isolado na ala denominada ‘Seguro’ do CDP”.
A soltura foi assinada na última terça-feira (15). “Graças a Deus, o advogado foi muito ágil, deu tudo certo, e eu estou em casa agora”, disse Jabson, ao sair da prisão, recebido pela família. “Você fica entre a cruz e a espada. […] Não cheguei a ser ameaçado por ninguém. Só o tratamento mesmo dos policiais penais”.
Agora, o eletricista quer buscar reparação. “Quero entrar com uma ação indenizatória contra o Estado. Nem estou pensando em dinheiro, mas eles precisam ser mais cautelosos”, apontou ele.
Enquanto isso, a Polícia Civil da Bahia ainda não respondeu se Jabison Andrade da Silva (o verdadeiro denunciado) está preso.
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