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EXCLUSIVO: Funcionários da Enel exigem R$ 1.000 para religar energia de condomínio em SP

Em Diadema (SP), equipe da Enel pediu propina para reparar energia em condomínio; moradores denunciaram o caso por ‘pedido de vantagem indevida’  |  Foto: Arquivo/BNews São Paulo

Publicado em 11/12/2025, às 13h37 - Atualizado às 16h22   Foto: Arquivo/BNews São Paulo   Marcela Guimarães

Nesta quinta-feira (11), por volta das 9h30, funcionários da Enel solicitaram propina para realizar um reparo por falta de energia elétrica em um condomínio em Diadema (SP), atendendo a um chamado previamente aberto.

Segundo relatos apurados pelo BNews São Paulo, os funcionários exigiram o pagamento de R$ 1.000 para fazer o reparo, deixando claro que o serviço só seria executado caso o valor fosse transferido de maneira informal.

A cobrança foi interpretada como ‘pedido de vantagem indevida’.

Moradores registraram dados do veículo usado pela equipe da Enel (Foto: Arquivo/BNews São Paulo)

Relatos da equipe e dos moradores

Silvio Paladino, síndico do condomínio, foi o responsável pelo chamado. Ao tratar do problema com a equipe, foi surpreendido após pedirem, a princípio, a quantia de R$ 300, que depois subiu para R$ 1.000.

Em relato, explicou: “Um deles falou: ‘A gente pode até ligar, mas é mil reais’. Falaram que resolveriam o problema em cinco minutos”, explicou Silvio, que respondeu: “A gente não tem como pagar, porque isso é um serviço da Enel”.

O síndico chegou a explicar que o condomínio estava sem luz há mais de um dia devido às consequências dos ventos fortes que correram pelo estado na última quarta-feira (10).

Segundo o relato do zelador do condomínio, também foi dito que, se a propina não fosse paga, o problema só seria resolvido de duas a seis horas após a chegada da equipe no local.

Silvio e os zeladores afirmaram que não pagariam pelo serviço de reparo, que é gratuito, uma vez que a população já paga pelas contas de luz. Assim, a equipe foi embora sem realizar o reparo.

“Falou: ‘Olha, se não pagar, a gente vai embora e não vai ligar [a energia]. Vamos encerrar o seu chamado e você abre outro para outra equipe vir’. E assim eles fizeram”, relatou o síndico.

Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que os profissionais chegam e vão embora sem realizar o serviço. Confira:

DENÚNCIA! 🚨
Hoje (11), funcionários da Enel foram filmados enquanto exigiam R$ 1.000 para realizar reparo de energia em prédioem Diadema (SP).
O síndico registrou boletim de ocorrência por solicitação de vantagem indevida e ameaça.

📹: Imagens cedidas ao BNews São Paulo pic.twitter.com/xLSPqSp6AX

— BNews São Paulo (@Bnews_sp) December 11, 2025

Síndico foi ameaçado

Silvio comunicou aos funcionários da empresa de energia elétrica que registraria um boletim de ocorrência sobre o ocorrido junto aos zeladores usando os dados da placa do veículo da Enel.

Quando receberam a informação, ameaçaram o síndico. “Disseram que sabiam onde ele trabalhava e sabiam onde encontrar a gente [zeladores]”, relatou outro zelador presente no local.

As informações foram confirmadas por uma moradora que não quis se identificar. “Falaram para ele [síndico] ficar esperto, porque ele é careca e usa óculos, fácil de identificar”, disse.

Vídeo do momento feito para realizar a denúncia mostra os responsáveis pelo serviço nervosos com a gravação. Assista:

Caso já ocorreu anteriormente

Essa não é a primeira vez que funcionários da Enel pedem “caixinha” para a realização de serviços. Em 2024, conforme mostra uma reportagem do Brasil Urgente, a mesma situação aconteceu em um condomínio em São Bernardo do Campo, também na Grande São Paulo.

A propina havia sido solicitada para ajustar a luz mais rapidamente — ou seja, o mesmo caso retratado. O valor cobrado foi de R$ 600.

Desesperados pela falta de energia, os moradores acabaram pagando e o serviço foi feito. “Pagar e depois denunciar”, disse um.

Polícia verificou o local

No período da tarde, policiais chegaram ao local do ocorrido para coletar depoimentos dos envolvidos. O veículo da Enel com os mesmos prestadores apareceu logo em seguida.

As autoridades levaram as testemunhas do prédio e os funcionários da Enel ao 3º DP de Diadema.

Veja o momento:

Posicionamento da Enel

A reportagem solicitou também um posicionamento da própria Enel sobre o ocorrido e os valores de propina, mas não obteve retorno até o momento desta publicação. O espaço segue aberto.

Classificação Indicativa: Livre


TagsSão PauloDiademacrimeEnelPropina

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