Polícia
Publicado em 03/10/2025, às 17h11 Foto: Freepik Marcela Guimarães
O metanol, ou álcool metílico, é uma substância tóxica incolor que esteve no centro de casos de intoxicação através de bebidas alcoólicas em São Paulo.
Ele é matéria-prima essencial para a produção de formol, ácido acético, MTBE (aditivo para gasolina) e biodiesel, além de solventes, adesivos, revestimentos e até pisos.
O metanol não deve ser ingerido por humanos. Altamente tóxico, até mesmo pequenas quantidades podem ser fatais.
Parte do risco está no fato de que ele se parece com o álcool comum. Tem gosto e cheiro semelhantes e, no início, provoca sintomas parecidos.
O perigo aparece algumas horas depois, quando o fígado tenta eliminar a substância. Nesse processo, o organismo produz compostos tóxicos (entre eles formaldeído, formiato e ácido fórmico).
Essas substâncias atacam nervos e órgãos vitais, podendo causar cegueira, coma e até a morte, como foi visto recentemente.
Quando ocorre intoxicação por metanol, existem dois antídotos reconhecidos: o etanol em grau farmacêutico e o fomepizol.
Segundo a BBC Brasil, apenas o etanol puro, próprio para uso médico, está disponível atualmente.
O tratamento é realizado em ambiente hospitalar por via intravenosa ou oral, sempre com o devido acompanhamento especializado.
Hospitais e prontos-socorros atuam em parceria com os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), unidades de referência na área.
Atualmente, o país conta com 32 centros desse tipo, sendo nove deles em São Paulo, estado que concentra a maioria dos registros recentes de intoxicação.
O protocolo é focado em manter o organismo do paciente sob doses controladas de etanol durante determinado período. O motivo? Como citado anteriormente, quando metabolizado pelo fígado, o metanol se transforma em ácido fórmico, composto altamente tóxico.
Assim, a ideia é impedir essa conversão, mantendo níveis constantes de álcool no sangue até que a substância seja eliminada naturalmente, processo que costuma ser associado à hemodiálise para filtrar o sangue.
Por mais que o etanol seja eficaz, especialistas consideram o fomepizol uma opção melhor, já que bloqueia a ação tóxica sem provocar efeitos colaterais como a embriaguez.
O grande obstáculo, porém, está no custo. Uma única dose pode chegar a mil euros (cerca de R$ 6,3 mil na cotação atual).
Mesmo com a patente já expirada, a produção em escala global é limitada e não conseguiu diminuir os preços. Isso faz com que o medicamento não esteja registrado no Brasil.
Na última terça-feira (30), Alexandre Padilha, do Ministério da Saúde, afirmou que o governo avalia criar uma reserva estratégica para viabilizar o acesso.
Organizações internacionais, como a Médicos Sem Fronteiras (MSF), já pediram para que o fomepizol seja incluído na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que facilitaria sua importação por países sem registro local.
Ainda assim, os valores lá em cima continuam sendo uma dificuldade. Um estudo realizado em 2017, por exemplo, mostrou que os custos hospitalares com fomepizol foram três vezes maiores que os do etanol durante um surto de intoxicação ocorrido na República Checa entre 2012 e 2014.
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