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Campinas tem explosão de afastamentos de professores por transtornos mentais em 2025

Sobrecarga, assédio e violência são as principais causas; cidade já soma mais de 3 mil licenças só nos nove primeiros meses do ano.  |  Foto: Freepik

Publicado em 27/11/2025, às 11h14   Foto: Freepik   Érica Sena

Campinas enfrenta um cenário alarmante de adoecimento entre docentes. De janeiro a setembro de 2025, foram 3.356 licenças médicas por transtornos mentais e comportamentais entre professores da rede estadual, média de 12 afastamentos por dia, segundo dados obtidos pela EPTV via Lei de Acesso à Informação.

As licenças são classificadas pelo CID-10, código da Organização Mundial da Saúde usado para identificar doenças mentais e comportamentais. No estado, o número chega a 25.699 registros no mesmo período, como citado pelo site do G1.

Os relatos dos próprios profissionais apontam para uma combinação de fatores que se acumula há anos: sobrecarga, baixos salários, falta de estrutura, pressão por resultados e episódios recorrentes de violência em sala de aula.

Pressão, falta de suporte e perícias contestadas

O representante do Centro do Professorado Paulista (CPP), Márcio Calheiras do Nascimento, afirma que o Estado não oferece o suporte psicossocial necessário e que muitos pedidos de afastamento são recusados sem a devida análise. “Às vezes o médico nem olha para a cara do professor e nega o afastamento”, denuncia.

A Secretaria Estadual da Educação, por outro lado, afirma manter ações permanentes de cuidado, com mais de 650 mil atendimentos psicológicos e psiquiátricos realizados. A pasta reforça que as perícias são individuais e que qualquer denúncia de assédio deve ser encaminhada aos canais oficiais.

Relatos de burnout, coação e assédio moral

Entre os casos revelados, uma professora relatou ter desmaiado na escola antes de receber o diagnóstico de burnout. Após retornar do afastamento, foi surpreendida com uma tentativa de coação para assinar um pedido de desligamento. Ela conseguiu se realocar, mas afirma ainda sentir fortes impactos emocionais.

Outra docente, com 22 anos de carreira, descreve a primeira crise de ansiedade vivida dentro de um banheiro da escola. Posteriormente, descobriu que o adoecimento estava associado ao assédio moral praticado por um diretor recém-chegado. “Eu só queria meu cérebro de volta para ser a professora que eu era”, desabafa.

Um problema estrutural sem solução rápida

Os depoimentos mostram que o adoecimento docente não é episódico, mas sistêmico e que, sem políticas eficazes de prevenção e apoio, o número de licenças tende a crescer.

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