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Produção em risco: indústria automotiva teme nova onda de paralisações como na pandemia

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A Anfavea alerta sobre a escassez de semicondutores que pode interromper a produção automotiva no Brasil nas próximas semanas.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Reprodução/Freepik
Fernanda Montanha

por Fernanda Montanha

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Publicado em 24/10/2025, às 07h47



O setor automotivo brasileiro volta a ligar o sinal de alerta. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) alerta que a escassez de semicondutores pode interromper a produção nas próximas semanas. O problema, que lembra a crise vivida durante a pandemia, ameaça impactar novamente toda a cadeia industrial.

De acordo com analistas, o cenário global pouco mudou desde 2020. “Estamos novamente reféns da concentração de produção. A indústria continua colocando todos os ovos na mesma cesta”, afirma o consultor automotivo Ricardo Bacellar, especialista em mobilidade e apresentador do Papo de Garagem. Ele lembra que, mesmo após anos de dificuldades, a fabricação de chips segue concentrada em poucos países.

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Dependência global e gargalos de produção

Hoje, um carro moderno pode conter entre mil e três mil chips eletrônicos, utilizados em sistemas de segurança, conectividade e controle do motor. Como o Brasil depende quase totalmente da importação desses componentes, especialmente da China, qualquer instabilidade internacional causa reflexos imediatos no país.

Durante a pandemia, a falta de semicondutores paralisou fábricas, gerou férias coletivas e provocou uma queda histórica na produção automotiva mundial. Agora, o risco volta a rondar as montadoras por um novo motivo: a crise geopolítica envolvendo a Europa e a China.

O governo da Holanda assumiu o controle da fabricante Nexperia, considerada estratégica para o continente, o que levou a chinesa Wingtech Technology, dona da empresa, a suspender as exportações para fora do país. O impasse reacendeu o temor de um colapso no fornecimento global de chips.

Brasil segue vulnerável à crise

Desde então, a dependência tecnológica da China cresceu, agravando a situação. “Os carros ficaram mais tecnológicos, e tecnologia é sinônimo de chip”, explica Bacellar. Ele destaca que, quando o setor automotivo reduziu a produção nos últimos anos, os fabricantes de semicondutores direcionaram a produção a outros mercados, o que agora limita o retorno do abastecimento.

A curto prazo, a solução parece distante. O consultor defende que o governo brasileiro intensifique o diálogo com a China, já que a produção nacional de semicondutores ainda é inviável.

“O Brasil não tem força econômica suficiente para competir nessa indústria. Mas era esperado que o mundo tivesse aprendido com a última crise. Infelizmente, nada mudou”, conclui Bacellar para O Tempo.

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