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A verdade sobre o “emprego dos sonhos” em navios de cruzeiro que ninguém imagina

Foto: Divulgação/MSC
Morar em um navio de luxo e visitar países pode até parecer um trabalho dos sonhos, mas a realidade vivida por muitos tripulantes é outra  |   BNews SP - Divulgação Foto: Divulgação/MSC
Marcela Guimarães

por Marcela Guimarães

Publicado em 21/07/2025, às 19h50



Para muitas famílias em países como Filipinas, Índia, Peru e Colômbia, trabalhar em uma empresa de cruzeiros internacionais representa um símbolo de status e estabilidade financeira.

Receber em outra moeda, morar em um navio de luxo e visitar dezenas de países pode até parecer um trabalho dos sonhos, mas a realidade vivida por milhares de tripulantes está longe do luxo dos passageiros.

“Para meus pais, tenho um emprego dos sonhos. Vivo em um navio de luxo e passo o tempo viajando (já contei 16 países). Mas eles não imaginam o que realmente implica”, disse Helena, colombiana de 29 anos que trabalha em uma loja de bordo, em entrevista ao jornal francês Le Monde.

Jornadas longas e sem folgas

Os contratos são temporários e duram entre cinco e nove meses, sem folgas semanais ou férias remuneradas. Após o fim do contrato, os trabalhadores voltam para casa e possuem cerca de dois meses de descanso, também não pagos. Na temporada, as jornadas variam entre dez e doze horas por dia, sete dias por semana.

Os salários ficam entre 900 e 1.100 dólares mensais (cerca de R$ 6 mil na cotação atual), dependendo do cargo. Por mais que a carga horária seja cansativa, muitos conseguem poupar mais do que conseguiriam em empregos parecidos em seus países de origem, já que moradia e alimentação são oferecidas pela empresa.

Dia a dia no navio

A rotina a bordo tem muitas limitações de espaço e acesso. As cabines da tripulação ficam nos andares inferiores do navio, geralmente sem janelas e com áreas reduzidas, muitas vezes compartilhadas.

As interações se concentram em espaços exclusivos para os trabalhadores (como refeitórios, academias, áreas de oração e lazer interno). O acesso às áreas destinadas aos passageiros é proibido, menos durante o expediente.

Mesmo com avanços nessa parte, as comunicações com familiares ainda são limitadas por tempo e estrutura. Vivek, funcionário indiano, relatou que viu os filhos crescerem por chamada de vídeo por muitos meses.

O comportamento a bordo é rigoroso. Funcionários precisam de uniforme padronizado, cumprimento preciso de horários e obediência às ordens por hierarquia. Reclamações ou deslizes, muitas vezes motivados por cansaço extremo, podem cair em cima da renovação do contrato, por exemplo.

Outro ponto é que os trabalhadores não conseguem negociar condições ou horários. A cobertura de saúde é básica e não existe licença-maternidade ou indenização em caso de acidentes. O direito à greve também não é garantido.

Em um geral, esse é o caminho de poucos dentro de uma estrutura que exige muito e oferece pouco em troca.

Classificação Indicativa: Livre

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