Esportes
por Isabela Fernandes
Publicado em 28/05/2025, às 16h33
O volante paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, está no centro de uma grave denúncia de xenofobia registrada após a partida contra o Talleres, na terça-feira (27), pela Copa Libertadores. Mesmo com a vitória por 2 a 1 e a classificação do time paulista para as oitavas de final, o episódio envolvendo o jogador gerou repercussão e pode trazer consequências ao paraguaio.
Durante a partida, Bobadilla ofendeu o lateral-esquerdo Miguel Navarro, da equipe argentina, que é venezuelano, com um insulto xenofóbico, o chamando de “venezuelano morto de fome”.
A fala deixou Navarro visivelmente abalado, causou reação do elenco do Talleres, que se reuniram em volta de Bobadilla, e repercutiu fora de campo.
Após o jogo, Navarro deixou o gramado chorando e evitou dar entrevistas naquele momento. Ele procurou o posto policial no estádio Morumbis para prestar depoimento. Depois, foi encaminhado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal), onde deu mais detalhes sobre a acusação.
Agora, Bobadilla poderá ser punido por pela Conmebol, que abriu expediente disciplinar para apurar o caso. O jogador poderá ser suspenso da competição, além de poder ser convocado a prestar depoimento na DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), especializada em crimes dentro do ambiente esportivo.
O técnico do São Paulo, Luis Zubeldía, foi questionado sobre o tema durante a coletiva pós-jogo, mas se irritou com o jornalista e tentou desviar o foco, afirmando que preferia falar sobre a classificação da equipe às oitavas de final da Libertadores. Além dele, o time também não se manifestou oficialmente sobre o caso.
Navarro se posicionou sobre o assunto em suas redes sociais. Ele escreveu: "Queria eu poder solucionar o problema da fome no meu país. Espero que Deus me dê abundância para que eu possa ajudar. Não creio que posso fazer muito contra a pobreza material. Nunca me envergonharei das minhas raízes, irei às últimas consequências diante do ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil, das mãos de Damian Bobadilla. Não há espaço para discursos de ódio no futebol"
Bobadilla, por sua vez, publicou um vídeo, onde dizia: "Foi um jogo muito quente, um clima tenso durante todo o jogo. Depois do nosso segundo gol, tive uma troca de palavras com o jogador do Talleres onde fui ofendido primeiro, ele também me tratou com desprezo. Nunca tive a intenção de discriminar ninguém, mas durante aquele momento quente acabei reagindo mal. Queria me desculpar publicamente e pedirei desculpa se encontrá-lo pessoalmente. Desculpas e abraço a todos."
Esse é o segundo episódio envolvendo xenofobia nessa edição da Libertadores. Em abril, o meia uruguaio Pablo Ceppelini, do Alianza Lima, foi suspenso por quatro meses após chamar torcedores do Boca Juniors de “bolivianos” em tom ofensivo durante uma partida na Bombonera.
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