Farinha Lima

Rodoanel em disputa

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São Paulo fecha o ano com obra incompleta, discurso inteiro e problemas caindo do teto.  |   BNews SP - Divulgação Foto: Imagem feita por IA
Farinha Lima

por Farinha Lima

Publicado em 23/12/2025, às 07h00



Excepcionalmente, a coluna Farinha Lima será publicada às terças-feiras nesta e na próxima semana, por conta do recesso de Natal e Ano Novo.

A inauguração do primeiro trecho do Rodoanel Norte virou mais um duelo político do que um simples corte de fita: Aloizio Mercadante cobrou a ausência do BNDES na placa da obra, lembrando que o banco bancou cerca de R$ 1,3 bilhão do investimento, enquanto Tarcísio de Freitas reconheceu a importância do financiamento, mas atribuiu o atraso à Lava Jato e aos “governos da corrupção”.

No palanque, Mercadante defendeu uma relação “republicana” entre os governos e exaltou indicadores do governo Lula; Tarcísio, por sua vez, fez questão de lembrar que a concessão da Dutra foi feita sob sua gestão no governo Bolsonaro, arrancando gritos de “mito” da plateia.

Entre farpas, promessas de empregos e obras “do impossível” ainda inacabadas, o Rodoanel foi entregue só em parte — e a disputa política, essa, seguiu em pista cheia.

Campanha em recesso

Poucos dias depois de apresentar um balanço de gestão recheado de obras inacabadas, números elásticos e slogans ambiciosos, Tarcísio de Freitas decidiu dar um tempo da própria vitrine: o governador vai se afastar por 17 dias, entre o fim de dezembro e o início de janeiro, para passar férias nos Estados Unidos, deixando o estado sob comando do vice Felício Ramuth.

O recesso, oficializado no Diário Oficial, vem logo após o discurso em que Tarcísio disse ter feito “o impossível”, citou o fim da Cracolândia e a entrega de obras herdadas, como o Rodoanel Norte, enquanto se prepara para tentar a reeleição em 2026.

Assim, São Paulo entra no verão com o governador fora do país e um balanço recente que segue funcionando mais como peça de campanha antecipada do que como prestação de contas.

Força-tarefa no escuro

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Após um ciclone extratropical e ventos de quase 100 km/h deixarem mais de 2 milhões de paulistanos sem luz, a crise da energia em São Paulo virou um duelo de versões: a Enel fala em até 1,8 mil equipes mobilizadas, milhões de ligações atendidas e alertas enviados, enquanto a Aneel aponta que o reforço emergencial de outras distribuidoras não chegou nem a 5% do efetivo e pouco ajudou a mudar o cenário.

O regulador cobrou explicações por falhas recorrentes, levantou a possibilidade de caducidade da concessão e viu o governo estadual anunciar o rompimento do contrato.

Já a concessionária atribui o apagão às mudanças climáticas, às árvores caídas e promete bilhões em investimentos, enquanto São Paulo segue no escuro — literal e institucionalmente — a cada temporal.

Iguatemi em queda

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Nem o consumo escapou da gravidade paulistana: uma parte do teto do Shopping Iguatemi, na zona oeste, desabou na noite de domingo em frente a uma loja de sapatos, espalhando susto e vídeos nas redes sociais, mas sem deixar feridos.

A administração isolou rapidamente a área, prometeu resolver o problema e garantiu que o funcionamento segue normal, como se nada tivesse caído do céu além de concreto.

As causas do desabamento não foram informadas e entram para a lista de explicações pendentes, enquanto o shopping mantém a rotina e mostra que, em São Paulo, até um teto no chão vira apenas mais um incidente administrável.

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