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por Marcela Guimarães
Publicado em 03/10/2025, às 18h30
Localizado no bairro do Morumbi, na capital paulista, o edifício Penthouse se transformou em um símbolo da desigualdade social de São Paulo — e também do Brasil todo.
Desde sua inauguração, que ocorreu em 1979, o local mostra, de um lado, apartamentos de luxo com piscinas nas sacadas; do outro, a expansão da comunidade de Paraisópolis, separados apenas por um muro.
Construído para abrigar a elite paulistana, o prédio se destacava pela exclusividade. Eram apenas 13 unidades, cada uma com quase 400 m², suítes de 80 m² com banheira de mármore, salões para recepções e varandas com piscinas individuais.
Na década de 1980, os anúncios divulgavam o Penthouse como um “marco da arquitetura moderna”.
Por outro lado, a vizinhança mudou rapidamente. Paraisópolis cresceu e virou uma das maiores favelas do país. Hoje, conta com cerca de 100 mil moradores.
O tempo não preservou o luxo do Penthouse. Problemas de gestão se acumularam, abrindo espaço para infiltrações, rachaduras e áreas em estado precário. Das 13 unidades, apenas oito estão ocupadas, abrigando 18 moradores.
As dívidas são grandes. Seis apartamentos somam mais de R$ 1,5 milhão em IPTU atrasado e outros R$ 500 mil em taxas de condomínio.
Processos contra moradores inadimplentes se multiplicaram na década de 1990, alguns ultrapassando a marca dos R$ 400 mil.
Em alguns casos, as dívidas chegaram a meio milhão de reais, inclusive com investigações ligadas à Operação Lava Jato.
Apartamentos que um dia chegaram a custar R$ 1 milhão já foram leiloados por menos de R$ 450 mil, sem despertar nenhum interesse.
Anúncios de aluguel por R$ 1.500 chegaram a aparecer, inviabilizados pelo custo mensal do condomínio, que fica acima dos R$ 5 mil.
Mesmo com a estrutura ainda sendo luxuosa, o edifício Penthouse funciona quase vazio com poucos moradores. Isso dá um bom contraste com a movimentação de Paraisópolis, comunidade que vem crescendo e lutando por infraestrutura e moradia digna.
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