Polícia
Foto: Divulgação/Agência Corinthians/Rodrigo Coca
por Isabela Fernandes
Publicado em 23/05/2025, às 08h30
O presidente do Corinthians, Augusto Melo, foi indiciado na quinta-feira (22) pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de envolvimento em um esquema de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A investigação apura irregularidades no contrato de patrocínio firmado com a casa de apostas Vai de Bet, no valor total de R$ 360 milhões.
Além de Melo, também foram indiciados Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo do clube), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing) e o empresário Alex Cassundé, responsável pela intermediação do contrato e ex-integrante da equipe de campanha de Melo à presidência do Corinthians.
Segundo o inquérito, o clube foi usado para operacionalizar um esquema de desvio de recursos. Cerca de R$ 1,4 milhão, parte da comissão pela intermediação do contrato, foi transferida a empresas de fachada até chegar à UJ Football Talent Intermediação Ltda, apontada como um dos braços financeiros do Primeiro Comando da Capital (PCC) no futebol.
As investigações revelam que Cassundé foi incluído no negócio de forma artificial, com apoio dos dirigentes do clube, apenas para viabilizar a movimentação dos valores.
A empresa dele, a Rede Social Media Design, recebeu o pagamento da comissão, e em seguida repassou quase R$ 1 milhão via Pix a empresas fantasmas, entre elas, a Neoway Soluções, que tem como sócia uma empregada doméstica que desconhecia o uso do próprio nome.
A partir dessas transferências, os valores seguiram até a UJ Football, ligada a Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, suposto integrante do PCC e empresário de jogadores de futebol. Ele já havia sido citado em uma delação premiada por seu envolvimento com o crime organizado e chegou a ser acusado de participar do sequestro de Vinicius Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos.
Apesar das acusações, tanto a UJ Football quanto Danilo Lima negam qualquer relação com organizações criminosas. A defesa de Danilo afirma que ele nunca teve ligação com a empresa investigada e que está à disposição das autoridades.
O Corinthians divulgou uma nota dizendo que o clube é vítima da situação e que não controla o que as empresas fazem com os valores recebidos. A defesa do presidente Augusto Melo afirmou que recebeu o relatório da polícia com surpresa e que ele nega qualquer irregularidade.
Por causa dessas denúncias, o contrato entre Corinthians e Vai de Bet foi cancelado, e Augusto Melo enfrenta pedidos de impeachment no clube. A votação para decidir o futuro dele como presidente do Corinthians está marcada para o dia 26 de maio.
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