Política
Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou qualquer envolvimento em tentativa de golpe de Estado e pediu desculpas por declarações anteriores contra ministros da Corte. Ele justificou suas atitudes após as eleições como estando dentro dos limites legais, mesmo sendo apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como peça central de uma articulação que pretendia barrar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro alegou que as reuniões realizadas com representantes das Forças Armadas após o pleito de 2022 discutiam apenas possibilidades dentro do arcabouço constitucional. Segundo ele, a chamada “minuta do golpe”, que previa uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi exibida rapidamente em uma tela e, em seguida, descartada. “Jamais se falou em ruptura institucional. Tudo foi abordado de forma informal e sem qualquer proposta concreta”, afirmou.
O ex-presidente também abordou os protestos que ocorreram diante de quartéis e os atos de 8 de janeiro de 2023. Declarou que não incentivou manifestações e negou envolvimento com os ataques em Brasília, afirmando que se manteve recluso após a derrota eleitoral. “Não convoquei ninguém. No meu governo, nenhum movimento contra a democracia foi incentivado”, disse, ao mencionar que o general Braga Netto fazia a ponte com os acampamentos.
Durante o depoimento, Bolsonaro ainda fez um gesto inusitado: convidou o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice em uma possível candidatura em 2026, provocando risos no plenário. Moraes recusou de imediato, também com tom bem-humorado.
Além disso, Bolsonaro admitiu não ter provas para sustentar declarações anteriores sobre supostas propinas envolvendo ministros do STF. Pediu desculpas diretamente a Moraes, alegando que se tratava de um desabafo em reunião privada, sem intenção de acusação formal.
A PGR sustenta que Bolsonaro liderava o núcleo principal de uma organização que buscava invalidar as eleições e perpetuar-se no poder por meios ilegítimos. Outros sete investigados também são acusados de colaborar na elaboração de estratégias golpistas e incitação a crimes como tentativa de golpe e formação de organização criminosa. O caso segue em fase final de instrução, com os réus sendo ouvidos pelo relator Alexandre de Moraes.
Classificação Indicativa: Livre