Política
por Marcela Guimarães
Publicado em 15/08/2025, às 18h16
O BRICS, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, acelera a chegada de uma plataforma própria de liquidação financeira, o BRICS Pay, com o objetivo de diminuir a dependência do dólar nas transações internacionais.
A ideia é considerada uma das mais ambiciosas do grupo para aumentar sua presença no comércio global e ficar menos focada no meio ocidental.
O sistema funcionará como uma rede de mensagens e liquidação descentralizada, ligando bancos centrais e instituições financeiras dos países membros.
Com ele, será possível realizar pagamentos diretamente nas moedas locais (como real, yuan, rúpia, rublo e rand) sem necessidade de conversão para dólar ou euro.
Inspirado em modelos já utilizados por China e Rússia, o BRICS Pay não pretende criar uma moeda única, mas sim facilitar o uso integrado das moedas nacionais, tornando exportações e importações mais práticas.
Desde a Segunda Guerra Mundial, o dólar ficou estabelecido como principal moeda do mundo, presente em cerca de 84% das transações globais.
Isso garante aos Estados Unidos vantagens estratégicas e poder de aplicar sanções financeiras, incluindo a exclusão de países do sistema SWIFT.
Para o BRICS, essa dependência representa risco econômico e político. Além disso, a conversão cambial para o dólar deixa operações mais caras e diminui a competitividade de exportações, principalmente em períodos de instabilidade.
Na cúpula de julho de 2025, os líderes do bloco reafirmaram a meta de acelerar o projeto. China e Rússia, que já possuem sistemas próprios alternativos ao SWIFT, ficam na frente dos testes iniciais.
O Brasil confirmou interesse, focando na expansão de exportações agrícolas e energéticas.
Novos membros, como Egito e Emirados Árabes Unidos, também devem entrar na plataforma, aumentando a rede sem passar pela moeda estadunidense.
Os obstáculos apontados por especialistas incluem a necessidade de infraestrutura tecnológica segura e veloz e possíveis pressões geopolíticas dos Estados Unidos e da União Europeia.
Caso dê certo, o BRICS Pay pode se tornar a maior mudança no comércio internacional desde o euro, movimentando centenas de bilhões de dólares até 2030, e o melhor: sem usar a moeda estadunidense.
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