Política
A recente aprovação da Reforma Tributária trouxe alívio em relação à simplificação do sistema, mas também gerou preocupação no mercado imobiliário. O setor alerta que os aluguéis residenciais tendem a ficar mais caros com a implementação do novo modelo de tributação.
A mudança cria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que juntos compõem o chamado IVA-dual, substituindo tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS.
Diferente do que ocorre hoje, quando os aluguéis intermediados por imobiliárias são tributados a 3,65% de PIS/Cofins, o IVA-dual pode elevar essa taxa para 10,6%. Ou seja, quase o triplo da alíquota atual.
Na prática, um aluguel de R$ 2.000 teria a carga de impostos ampliada de R$ 73 para R$ 169,60. A proporção pode pesar ainda mais para contratos de valores menores, segundo o Terra.
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a consequência mais provável é o aumento do custo final para o consumidor.
De acordo com a tributarista Andressa Sehn da Costa, o prazo para adaptação será apertado. A lei complementar de janeiro de 2025 determina que contratos vigentes sejam regularizados até 31 de dezembro do mesmo ano.
Ela explica que, ao cumprir as exigências, empresas e proprietários poderão adotar um regime de transição com alíquotas menores. “Isso exigirá organização e planejamento de todos os envolvidos”, alerta a especialista.
Além do aumento da carga tributária, há outros pontos de atenção:
Pessoas físicas com mais de três imóveis e renda anual acima de R$ 240 mil passarão a ser consideradas contribuintes.
As medidas de mitigação previstas (como o redutor fixo de R$ 400 e desconto de 70% na alíquota) são vistas pelo setor como insuficientes.
Créditos tributários podem compensar parcialmente os custos, mas imóveis comprados antes da reforma não garantem esse benefício.
Com margens mais apertadas, especialistas apontam que imobiliárias e proprietários provavelmente repassarão os encargos aos inquilinos, tornando os aluguéis mais caros.
O desafio, segundo Andressa, será equilibrar a arrecadação com o direito à moradia. “Num mercado já pressionado por déficit habitacional e altos custos de manutenção, é fundamental que empresas e entidades atuem em conjunto para minimizar os impactos e evitar que a conta fique nas mãos do consumidor final.”
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