Entretenimento

Quem foi Ângela Diniz, mulher retratada na nova série da HBO Max?

Foto: Divulgação/HBO Max
Baseada no podcast “Praia dos Ossos”, a nova série da HBO Max retrata o assassinato de Ângela Diniz e o julgamento que chocou o Brasil  |   BNews SP - Divulgação Foto: Divulgação/HBO Max
Marcela Guimarães

por Marcela Guimarães

Publicado em 13/11/2025, às 11h03



Nesta quinta-feira (13), estreia na HBO Max a série “Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”. Inspirada no premiado podcast “Praia dos Ossos”, a produção aborda o crime que marcou o país em 1976 e o julgamento que transformou a vítima em ré.

Ângela Diniz
Ângela Diniz (Foto: Reprodução)

Quem foi Ângela Diniz?

Filha de uma tradicional família mineira, Ângela Diniz era uma mulher de personalidade forte e independente, algo pouco comum em uma época cheia de padrões conservadores.

Depois de um divórcio complicado, mudou-se para Búzios, no Rio de Janeiro, onde começou um relacionamento com Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street.

O namoro durou poucos meses e terminou de forma trágica. Em 30 de dezembro de 1976, durante uma discussão na casa de praia, Doca Street atirou quatro vezes à queima-roupa contra Ângela, que morreu no local.

Julgamento contraditório

Três anos depois, em 1979, Doca foi levado a júri popular. O advogado de defesa, Evandro Lins e Silva, construiu argumentos que colocavam a culpa na vítima, alegando que o réu agiu em “legítima defesa da honra”.

Assim, Ângela foi retratada como uma mulher “de moral duvidosa” e Doca recebeu uma pena de apenas dois anos, com direito à suspensão da sentença. Ele saiu do tribunal em liberdade.

“Ângela Diniz: Assassinada e Condenada”
“Ângela Diniz: Assassinada e Condenada” (Foto: Divulgação/HBO Max)

Símbolo feminista

O resultado gerou revolta e mobilizou o movimento feminista brasileiro. Usando o lema “Quem ama não mata”, mulheres tomaram as ruas para denunciar a violência de gênero e a cultura que justificava o assassinato de uma mulher com base em seu comportamento.

Segundo o portal O Tempo, a pressão pública fez com que surgisse um novo julgamento, agora com o advogado Humberto Telles na defesa.

Dessa vez, a tese da “legítima defesa da honra” foi rejeitada. Doca Street, enfim, recebeu uma pena de 15 anos de prisão em regime fechado.

Legado da história

A novidade da HBO Max, assim como o podcast original, vai além da reconstituição do crime. A série discute como a sociedade da época aceitou a culpabilização da vítima e mostra como isso ainda acontece nos dias de hoje.

A tese da “legítima defesa da honra” já não tem validade no Brasil. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que o argumento é inconstitucional, impedindo que ele seja usado para justificar casos de feminicídio em tribunais do júri.

Classificação Indicativa: Livre

Facebook Twitter WhatsApp