Farinha Lima
por Farinha Lima
Publicado em 07/05/2025, às 07h01
Após protestos massivos na Avenida Paulista, entregadores do iFood receberam um aumento de até 15% na taxa mínima, que passa a ser de R$ 7,50 para motos e carros, e R$ 7 para bicicletas. O reajuste, que entra em vigor em junho, foi uma tentativa da plataforma de acalmar os ânimos da categoria, mas ainda está bem abaixo dos R$ 10 exigidos pelos trabalhadores. As manifestações, que tomaram as ruas em busca de melhores condições, destacam a insatisfação com os baixos valores pagos, além de exigirem mais benefícios e melhores direitos trabalhistas.
Embora o iFood também tenha anunciado melhorias no seguro social, com aumento na cobertura para casos de incapacidade temporária e morte, o reajuste nas taxas não foi suficiente para fechar a conta dos entregadores. Eles continuam lutando por um pagamento justo por quilômetro rodado e uma remuneração que reflita a realidade de quem está no campo de batalha da cidade. O protesto segue, agora, com o foco em pressionar as plataformas por mais justiça e um trabalho digno para quem garante a entrega final.
A Faria Lima vai ganhar mais do que novos prédios espelhados: vai ganhar andares extras vendidos a preço de ouro. A prefeitura prepara um novo leilão dos famosos Cepacs — títulos que liberam a construção além do limite permitido. O estoque total soma 250 mil metros quadrados, mas o prefeito não deve colocar tudo de uma vez no mercado. Mesmo assim, a expectativa é embolsar até R$ 3 bilhões, com o preço do metro quadrado de céu podendo ultrapassar R$ 20 mil. Na Bolsa, só se fala nisso: o metro cúbico de ar mais valorizado do Brasil tá na zona oeste.
Mas nem só de laje vive a cidade: a SP Urbanismo promete que parte da bolada será revertida em melhorias para as quebradas do entorno — Paraisópolis, Real Parque, Jardim Colombo e companhia. Habitação social, mobilidade e espaço público entraram no pacote. No papel, o dinheiro sobe no elevador e desce direto pro chão da favela. Resta ver se o que foi prometido no zoneamento vai se traduzir em obra de verdade — ou se vai virar mais uma torre de promessas vazias.
Entre 2018 e 2024, 946 pessoas morreram em ações policiais em São Paulo — e nenhum agente foi responsabilizado, segundo estudo da FGV. A análise de mais de 850 inquéritos mostra que o Ministério Público arquivou todos os casos, sendo a maioria justificada como legítima defesa. O levantamento aponta ainda falhas técnicas nas investigações, como ausência de exames de pólvora em 85% das ocorrências e uso recorrente de termos genéricos como “atitude suspeita” para justificar abordagens letais.
A Secretaria de Segurança Pública garante que investiga tudo “com rigor” e que as polícias são instituições “legalistas”. Também informa que centenas de agentes já foram expulsos ou presos por outras razões. Mas, no quesito letalidade, o saldo é esse: ninguém responde, ninguém é culpado, ninguém erra.
Na Cracolândia, o caos tem nome e números: segundo a SSP, a região concentra 39 furtos e roubos por dia — sim, por dia. A “gangue da bike” e os ladrões do “vidro quebrado” fazem a festa, agindo em bando para roubar pedestres e motoristas sem cerimônia, enquanto a polícia finge que não vê. Entre janeiro e março, foram mais de 3,5 mil ocorrências só nos arredores da praça Princesa Isabel, com destaque para os roubos de celular, notebook e até marmita. O governo diz que está “monitorando” e promete uma operação, mas, por enquanto, quem anda por ali só monitora o próprio prejuízo. E quem pode, corre — de bike ou a pé.
Classificação Indicativa: Livre