Farinha Lima
Publicado em 20/08/2025, às 07h00 Foto: Imagem feita por IA Farinha Lima
Um presepeiro baiano, acostumado a alardear que é amigo de fulano e beltrano, se deu mal semana passada no rooftop da Baleia, no Itaim. Em um coquetel promovido por uma dessas fintechs “paulistinhas” — abarrotado de Faria Limers e moçoilas de tubinho preto e cabelos megaescovados —, o nosso baianinho de Ilhéus, depois de algumas doses de Negroni, resolveu partir pra cima de um empresário de logística no meio do evento.
Falando cuspindo e com a boca cheia de empadinha, conseguiu irritar o executivo diante de todos. Nosso Farinha Lima sempre atento ouviu quando ele “arrotava” que era muito amigo de um famoso banqueiro baiano e que poderia marcar uma reunião para a turma investir em galpões de data centers na região cacaueira.
A prosa estava tão ruim que uma das meninas puxou o rapaz e o tirou do espaço “à francesa”, sem o nosso presepeiro tupiniquim sequer perceber. Que papelão...
Fim de semana na Fazenda da Boa Vista e Tarcísio de Freitas serviu pizza de PPP no almoço com banqueiros organizado pelo chef executivo do Bank of America. Antes disso, já tinha recebido o Goldman Sachs no Bandeirantes e dividido palco com Ratinho Jr., Caiado e Eduardo Leite no BTG — cardápio completo para quem flerta com 2026.
Oficialmente, é tudo sobre atrair investimentos; nos bastidores, é sobre estreitar laços com Wall Street e testar o tempero presidencial. Nesta semana, o governador ainda pode emplacar sobremesa no Santander.
No ritmo em que vai, o roteiro de Tarcísio parece mais a agenda de um roadshow eleitoral do que de um gestor do estado.
A Prefeitura de São Paulo fez mais um leilão de Cepacs e levantou R$ 1,6 bilhão para a Operação Urbana Faria Lima — um baita recorde histórico, mas ainda metade do sonho de quase R$ 3 bilhões que o Planalto Municipal havia colocado no cardápio.
O dinheiro, segundo a gestão, vai bancar desde habitação popular em favelas como Paraisópolis até o prolongamento da avenida mais cobiçada pelos incorporadores. No mercado, construtoras vibram com a chance de transformar o “buraco da Faria Lima” em mais um mar de arranha-céus.
No fim, o certame provou que, mesmo com Justiça e TCM resmungando, a verticalização continua sendo o prato principal da cidade — temperado com o gosto amargo de quem esperava arrecadar bem mais.
Nem pizza nem supino saíram de graça na Zona Leste e em Suzano: a Sabesp flagrou uma rede de academias e uma pizzaria no rolê fitness do “gato molhado”, desviando água direto da torneira pública. A conta da brincadeira passa de R$ 489 mil, com direito a hidrômetros adulterados, ligações clandestinas e até um combo água + muçarela no térreo do mesmo endereço.
O caso foi parar no Deic, mas a estatal já garantiu que vai cobrar a fatura e religar o fornecimento no esquema certinho. Enquanto isso, a rede de academias mostra que, além de puxar ferro, também puxa água — clandestinamente.