Política
Publicado em 19/09/2025, às 11h10 Foto: Freepik Marcela Guimarães
Lançada na última quinta-feira (18), durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025 traz mudanças importantes no diagnóstico e tratamento da doença.
O documento foi elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
A partir de agora, valores entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9 (120-139 mmHg / 80-89 mmHg) deixam de ser considerados apenas “limítrofes” e passam a se enquadrar como pré-hipertensão.
A mudança serve para destacar a prevenção. Dentro do estágio em questão, médicos já devem indicar um novo estilo de vida e, dependendo do risco do paciente, avaliar a necessidade de medicação.
Outra novidade é o alvo de controle da pressão. Antes, era aceitado até 14 por 9 (140/90 mmHg). A nova recomendação reduz o limite para 13 por 8 (130/80 mmHg), válido para todos os hipertensos, independentemente de idade, sexo ou presença de outras doenças.
De acordo com os especialistas responsáveis apontados pelo g1, essa meta mais baixa ajuda a prevenir complicações graves, como infarto, AVC e insuficiência renal.
Para pacientes que não tolerarem mudanças tão intensas, a orientação é buscar o menor valor possível dentro da segurança clínica.
Pela primeira vez, a diretriz destaca que não basta controlar apenas os números da pressão arterial. O cuidado agora considera o risco cardiovascular global, calculado com base no escore PREVENT, que estima a probabilidade dentro do período de dez anos.
O cálculo inclui fatores como obesidade, diabetes, colesterol elevado e presença de lesões em órgãos como coração e rins.
A partir desse índice, médicos devem intensificar condutas em pacientes de alto ou muito alto risco, chegando perto da chamada medicina de precisão.
Também é a primeira vez que o texto dedica um capítulo exclusivo ao Sistema Único de Saúde (SUS), já que cerca de 75% dos hipertensos são acompanhados na rede pública.
As recomendações incluem uso preferencial de medicamentos já disponíveis no SUS, protocolos de acompanhamento multiprofissional e estímulo ao monitoramento com MAPA (ambulatorial) e MRPA (residencial), quando possível.
O objetivo é tornar o documento um guia prático para médicos e enfermeiros da atenção primária, diminuindo as desigualdades regionais.
Outro ponto importante é a inclusão de orientações voltadas ao público feminino. Além disso, a diretriz também reforça medidas já conhecidas:
A hipertensão atinge quase um terço da população adulta do país e é responsável pela maioria dos infartos e AVC.
Dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão mostram que 27,9% dos brasileiros convivem com a condição, mas apenas um terço tem a pressão devidamente controlada.
Com a reclassificação da pré-hipertensão, a meta mais rígida de tratamento e protocolos específicos para o SUS e para mulheres, milhões de brasileiros podem ser enquadrados como em risco.
O grande desafio, segundo os especialistas, é transformar essas recomendações em prática cotidiana nos consultórios privados e, principalmente, nas unidades públicas de saúde.
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